Em um jantar, há dois mil e quinhentos anos, um sábio grego chamado Sócrates, refletia sobre a essência do amor. Mas o que ele não sabia, é que mesmo depois de tanto tempo, as gerações futuras ainda teriam os mesmos questionamentos - sem respostas palpáveis - sobre o assunto.
Que sentimento é esse capaz de sensações tão paradoxais dentro de nós? Que sentimento é esse que nos acompanha ao longo de toda nossa existência, sem que saibamos algo além de seu simples codinome "amor"? Se o pudéssemos sentir, tocá-lo ou vê-lo, o que ele vestiria? Teria gosto de quê? Qual seria sua expressão?
Em meio à tantas questões, resta-nos apenas uma resposta: a certeza de que não há como responder à estas perguntas. Em uma analogia desconcertada de uma expressão popular, seria como achar uma agulha quebrada no campo das idéias.
Um dos motivos principais que nos levam a ter dificuldade na compreensão da essência do amor é, justamente, a incerteza quanto à sua existência.
Será que o mesmo sentimento - que entendo como amor -, dentro de mim, aje e se manifesta de forma análoga em outra pessoa? Indo além, será que o amor de fato existe, ou a mente humana assim o criou, a fim de preencher o abismo essencial dentro de cada indivíduo?
Foram todas estas interrogações que Platão dedicou-se a estudar. O tema amor era um ponto fucral em seus pensamentos filosóficos, fazendo sempre uma ponte entre o campo das idéias e o plano material, onde estamos fincados. Chegando a propor em "O Banquete" uma saída para que consigamos penetrar o mundo das idéias; "Chegaremos a esta contemplação através da ascese erótica, pois a alma, quando quer que se deixe levar pelo amor, vislumbra a própria divindade".
Outra certeza que nós - uma vez que pertencentes do mesmo planeta - temos, é que, propositalmente ou não, o amor serve como suplemento para que enfrentemos o mundo e toda sua complexidade.
Desafio alguém a viver sem o amor. Aos que tentarem, estarão fadados à solidão e à tristeza.